A Não Solicitação de Exames Pode Configurar Infração Ética na Medicina Veterinária

Deixar de solicitar exames complementares quando tecnicamente indicados pode configurar infração ética na Medicina Veterinária. Entenda os riscos, as obrigações do profissional e como o prontuário pode ser sua melhor defesa.

Karine Gurgel de Freitas

7/14/20252 min read

Em 2024, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) publicou o Guia da Boa Relação entre Médicos-Veterinários, seus Pacientes e Clientes, trazendo orientações práticas para fortalecer o vínculo entre profissionais, tutores e animais — e, especialmente, evitar Processos Ético-Profissionais (PEPs).

Entre os diversos pontos abordados, um merece especial atenção: a omissão na solicitação de exames complementares quando tecnicamente indicados.

A Responsabilidade Técnica Acima de Suposições

Durante a prática clínica, é comum que o médico-veterinário, ao perceber a necessidade de um exame, relute em indicá-lo por acreditar que o Responsável:

  • “Não vai querer gastar”;

  • “Não tem condições de pagar”;

  • Ou mesmo por “não saber que era necessário”.

Contudo, nenhuma dessas justificativas isenta o profissional de sua responsabilidade ética e legal. Como destaca o Guia do CRMV-SP, o médico-veterinário deve atuar com base em critérios técnicos e científicos, e não em suposições subjetivas sobre a condição financeira ou emocional do Responsável.

Exame Complementar: Diagnóstico e Proteção Ética

Além de ferramenta diagnóstica essencial, os exames complementares funcionam como prova da diligência e da boa prática profissional. Sua indicação, mesmo que o Responsável opte por não realizá-lo, deve constar de forma clara e documentada no prontuário. O profissional pode, inclusive e se for possível, colher assinatura do Responsável recusando o exame, para reforçar a documentação da conduta.

Conforme previsto no Código de Ética do Médico-Veterinário (Resolução CFMV nº 1.138/2016), é vedado deixar de realizar condutas técnicas justificadas ou de fornecer informações que auxiliem no diagnóstico. Casos de negligência, imperícia ou imprudência são os mais frequentemente denunciados e processados.

O Prontuário como Defesa

A recomendação é simples e eficaz: tudo o que for orientado ao Responsável deve estar registrado no prontuário. Isso inclui:

  • Suspeitas clínicas;

  • Hipóteses diagnósticas;

  • Solicitações de exames e terapias;

  • Recusas expressas dos Responsáveis.

Além de ser uma exigência ética e legal, esse registro é a principal linha de defesa do profissional em caso de denúncia.

Conclusão

Não indicar exames quando tecnicamente indicados é um risco ético sério. A omissão pode ser enquadrada como negligência, mesmo que o Responsável tenha recusado a realização. Cabe ao profissional agir com base na ciência, na ética e na legislação.

Agir com responsabilidade, registrar tudo no prontuário e manter o Responsável bem informado são medidas fundamentais para proteger o paciente, o cliente e o próprio médico-veterinário.

📲 Quer se proteger juridicamente no exercício da Medicina Veterinária?
Clique no botão do WhatsApp nesta página e fale agora com nossa equipe jurídica.
Estamos prontos para te orientar com segurança, clareza e agilidade.